Em quanto tempo conseguis dizer? Eu não consigo, francamente...
"Fábio tem um aspecto franzino, quase raquítico. Um semblante triste e fechado, mas possuidor de um coração grande como o mundo que o desprezava. Vivia com uma família de substituição. Faltava-lhe ainda o carinho e conforto de um abraço nos momentos de desespero e raiva, que eram muitos. A sua maior tristeza era não se recordar da face da sua mãe, escreveu-me um dia. Palavras simples e duras que hoje recordo. Palavras que ficaram gravadas a fogo numa memória de tempos idos, mas que se repetem, como se de um ciclo se tratasse.
Naquele dia de chuva grossa e intermitente todos percebemos que o Fábio não estava bem. Ainda mais carregado do que o usual, mal entrou na sala de aula desatou, sem aviso, aos pontapés ao balde do lixo."
"Já não me lembro da cara da minha mãe. Nunca vi o meu pai. Fugiu quando eu era pequeno. Mas não faz mal. às vezes choro porque me quero lembrar da cara da minha mãe e não consigo. Quando sonho sei que ela está lá, no meu sonho, mas acordo sempre zangado porque não me lembro da cara da minha mãe"
Excerto de um texto, agora autorizado a ser publicado, escrito por um aluno amigo de uma escola de Matosinhos, em 2006, depois de várias faltas disciplinares e muitos arrufos.
Piada extremamente matemática, embora inteligível por todos...
(A Ponte não morreu) x 10 10
A evidência que mais me assusta é a da ignorância. Ignorância de todos os dias, perpetuada por uma tal maldade mesquinha que parece atravessar todas as barreiras do consciente e inconsciente. Já me começam a fartar os jogos de palavras e de tradição, aquele sopro no coração que não se sente mas que dura tempo demais. Não fui nem nunca serei tal como quereriam que fosse, daí o meu inconstante e desequilibrado equilíbrio, de palavra fácil despejada de forma errante e difícil de prever.
A escola (minúscula) é antro de desequilíbrio quer social quer democrático, completo antagonismo do que entendo por Escola. é cada vez mais assumida uma tomada do poder pela corja da bata branca e palmatória, a fazer reviver velhos e decrépitos tempos idos de repressão que parece fazer saudade a muitos, transformando-se mesmo em mito. É um sistema em falência completa, como a família que deveria educa.
Por quantas escolas mais teremos de passar, já que a solução está aqui tão perto? Continuaremos a apostar no modelo individualista, onde cada professor, rei do seu espaço e das criaturas, trabalha sozinho, publica só para si e constrói na solidão?
Infelizmente, parece-me que o despertar estará longe. Cada vez mais desfaleço sem esperança e me convenço que mesmo existindo um Projecto firme e sólido, as pessoas, essas, na sua mesquinhez, tacanhez e soturna mediocridade, jamais mudarão e, assim sendo, também a escola não passará da letra minúscula.
Perdido no mar de desaparecidos, à espera da verdade destinada, assim vive o André. De barba longa, acompanhado pelo Piloto, rafeiro leal. Quando o vi não me reconheceu, nem eu tal esperava.
Ah! Escola da vida madrasta de outrém que procura incessantemente qualquer réstia de esperança num futuro impossível de sonhar...
Foi decretada a extinção de mais uma espécie, a Educação. Esse animal incomprendido de longa passada e corpo alongado, a fazer lembrar um outro qualquer, mas completamente diferente.
Mais uma vez, a poluição e crescendo económico da população humana está a fornecer a evidência que o Planeta Terra não será suficiente para o albergue de todas estas espécies.
Cada vez mais rara, a Educação aparece somente em pequenas áreas do Globo de difícil acesso, não tecnológico.
Cabe-nos a reversão deste problema.
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