"Fábio tem um aspecto franzino, quase raquítico. Um semblante triste e fechado, mas possuidor de um coração grande como o mundo que o desprezava. Vivia com uma família de substituição. Faltava-lhe ainda o carinho e conforto de um abraço nos momentos de desespero e raiva, que eram muitos. A sua maior tristeza era não se recordar da face da sua mãe, escreveu-me um dia. Palavras simples e duras que hoje recordo. Palavras que ficaram gravadas a fogo numa memória de tempos idos, mas que se repetem, como se de um ciclo se tratasse.
Naquele dia de chuva grossa e intermitente todos percebemos que o Fábio não estava bem. Ainda mais carregado do que o usual, mal entrou na sala de aula desatou, sem aviso, aos pontapés ao balde do lixo."
"Já não me lembro da cara da minha mãe. Nunca vi o meu pai. Fugiu quando eu era pequeno. Mas não faz mal. às vezes choro porque me quero lembrar da cara da minha mãe e não consigo. Quando sonho sei que ela está lá, no meu sonho, mas acordo sempre zangado porque não me lembro da cara da minha mãe"
Excerto de um texto, agora autorizado a ser publicado, escrito por um aluno amigo de uma escola de Matosinhos, em 2006, depois de várias faltas disciplinares e muitos arrufos.
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